segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Fobia Social; O que é, sintomas e tratamentos.



Fique atento.... Timidez excessiva pode ser sinal de um transtorno de ansiedade cada vez mais diagnosticado.




Fobia Social é o excesso de ansiedade ou medo sofrido por certas pessoas quando observadas por terceiros durante o desempenho de alguma tarefa comum como falar, comer, dirigir, escrever, por exemplo; a ponto de impedir ou prejudicar significativamente a realização dessa tarefa.
A Fobia Social portanto não pode ser identificada sem seu estímulo, sem a circunstância social, sem a situação desencadeante porque a definição de exagero depende do referencial.
Além da desproporcionalidade há também outro critério: a duração da ansiedade. Uma pessoa sem fobia que irá apresentar-se perante uma platéia ficará tensa, contudo esta tensão depois de uns 15 minutos passa, e o palestrante adquire confiança e segurança. Com o fóbico social isso não acontece, os sintomas de ansiedade permanecem ou podem até aumentar durante a exposição, com isso o paciente acaba interrompendo sua dissertação, diz que está sentindo-se mal, ou simplesmente abandona o local numa verdadeira fuga, sem dar nenhuma satisfação.
Normalmente os sintomas se relacionam com o foco da fobia. Por exemplo, sendo o foco falar com o chefe ou perante uma platéia o fóbico social pode não conseguir falar nada. Sendo para escrever suas mãos podem ficar trêmulas a ponto de impedir que se escreva, a menos que encontre um lugar onde possa escrever ou assinar sem ser observado. Quando o paciente vê que as pessoas perceberam sua ansiedade (e ele sempre acha que percebem) o grau de tensão se eleva enormemente alimentando ainda mais a ansiedade. Os sintomas específicos costumam ser acompanhados por sintomas inespecíficos como palidez ou ruborização, taquicardia, sudorese profusa, extremidades frias, tremores, tonteiras, enjoo e outros sintomas ligados a descarga adrenérgica. Não é raro o paciente ter uma crise de pânico se insistir em enfrentar o problema por suas próprias forças, ou quando foi pego de surpresa.
Na Fobia Social não existem fases, ela tende a ser a mesma durante todo o tempo desde o início da manifestação, pequenas mudanças podem ser observadas como o surgimento de um novo foco da fobia (antes era só para falar, agora para escrever também), ou quanto ao sintoma dominante, antes o que mais sentia eram tremores, agora a sudorese é mais intensa que os tremores por exemplo.
Os fóbicos sociais sempre sabem que têm algo diferente da maioria das pessoas, mas não sabem que se trata de um transtorno, muito menos que tem tratamento, senão a atitude deles seria diferente.
A partir dos grupos sociais com que convive começa a perceber que é "tímido" demais, é considerado o "bonzinho" do grupo, o que nem sempre condiz com o que se deseja. A partir daí o paciente começa a desconfiar de que sofre algum problema.
Como a ansiedade é sempre uma sensação desagradável costuma levar a pessoa um comportamento direcionado para a resolução do problema. Assim o fóbico social tende a observar as pessoas em volta e percebe que seus sentimentos de vergonha ou temor de ser observado estão exagerados. Se for uma Fobia leve, ele interpretará como timidez, se for grave ele irá buscar ajuda. Quando não o faz começa a aceitar-se com é, gerando sentimentos de inferioridade e submissão. O fóbico social sempre reconhece seu valor e sua capacidade, sabe que é tão bom ou até melhor em certas funções que seus colegas, mas na hora de manifestar sua ideia se sente inábil, sente que prejudicará sua imagem. Com o tempo pode passar a não manifestar-se nem pelo que é justo, apenas a aceitando o que é determinado ou imposto.
A Fobia Social começa de forma muito discreta, dificilmente os pacientes apontam uma data ou evento a partir de quando começou, ao contrário do Transtorno do Pânico. Isto na maioria das vezes ocorre no início da idade adulta, quanto a personalidade e os traços de comportamento estão em fase final de consolidação. Talvez por isso muitos fóbicos sociais tendem a achar que seu problema é algo que faz parte de "seu jeito de ser", ou de sua personalidade. Não há unanimidade quanto diferença de incidência por sexo. Alguns estudos apontaram uma predominância no sexo masculino mas isto não foi sempre confirmado, de maneira que ainda não há uma posição definida.
As crianças também podem ser atingidas pela Fobia Social, a manifestação é igual a do adulto. A melhor maneira de ajudar é compreendendo-a em sua limitação, sem cobranças ou exigências relacionadas ao seu problema.
Os familiares e amigos geralmente percebem submissão, vergonha ou timidez do fóbico social, mas por assemelhar-se muito ao comportamento normal, as pessoas próximas não desconfiam que o fóbico social está sendo vítima de um transtorno de ansiedade. A Fobia Social por sua própria natureza faz com que o paciente não se queixe de seu problema, esconda-o, culpe-se por eles e isole-se em sua dor incompreendida. Quando a Fobia Social prejudica a rotina de um familiar muitas vezes é considerada exagero ou "frescura", algo que a pessoa não muda porque não quer.
A família e os amigos podem ajudar o fóbico social, basta que sejam compreensíveis, aceitem bem o problema, e como no caso da criança, não crie exigências que o paciente não possa atender. Isto é suficiente.
Apesar de ser um problema "aparentemente" pequeno, as consequências do não tratamento podem ser dramáticas levando graves prejuízos a vida pessoal, profissional e acadêmica dos pacientes como por exemplo a não conclusão de cursos por medo da apresentação de um trabalho de monografia ou a recusa de aceitar promoções no trabalho por colocar o paciente em situação de evidência naquele ambiente. Por começar no início da idade adulta, a Fobia Social se não for tratada levará a consequências para o resto da vida, porque neste período são tomadas as decisões que direcionarão a vida de cada um.
Até o momento o tratamento medicamentoso e a terapia cognitiva comportamental são as melhores indicações.
A terapia comportamental exerce um descondicionamento gradual das situações fóbicas, expondo de forma controlada o paciente ao estímulo fóbico, a fim de dessensibiliza-lo.

Fonte:Psicosite

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Solidão Amiga

Fantástico texto de Rubem Alves!!!!!




  A solidão amiga

A noite chegou, o trabalho acabou, é hora de voltar para casa. Lar, doce lar? Mas a casa está escura, a televisão apagada e tudo é silêncio. Ninguém para abrir a porta, ninguém à espera. Você está só. Vem a tristeza da solidão... O que mais você deseja é não estar em solidão...


Mas deixa que eu lhe diga: sua tristeza não vem da solidão. Vem das fantasias que surgem na solidão. Lembro-me de um jovem que amava a solidão: ficar sozinho, ler, ouvir, música... Assim, aos sábados, ele se preparava para uma noite de solidão feliz. Mas bastava que ele se assentasse para que as fantasias surgissem. Cenas. De um lado, amigos em festas felizes, em meio ao falatório, os risos, a cervejinha. Aí a cena se alterava: ele, sozinho naquela sala. Com certeza ninguém estava se lembrando dele. Naquela festa feliz, quem se lembraria dele? E aí a tristeza entrava e ele não mais podia curtir a sua amiga solidão. O remédio era sair, encontrar-se com a turma para encontrar a alegria da festa. Vestia-se, saía, ia para a festa... Mas na festa ele percebia que festas reais não são iguais às festas imaginadas. Era um desencontro, uma impossibilidade de compartilhar as coisas da sua solidão... A noite estava perdida.

Faço-lhe uma sugestão: leia o livro A chama de uma vela, de Bachelard. É um dos livros mais solitários e mais bonitos que jamais li. A chama de uma vela, por oposição às luzes das lâmpadas elétricas, é sempre solitária. A chama de uma vela cria, ao seu redor, um círculo de claridade mansa que se perde nas sombras. Bachelard medita diante da chama solitária de uma vela. Ao seu redor, as sombras e o silêncio. Nenhum falatório bobo ou riso fácil para perturbar a verdade da sua alma. Lendo o livro solitário de Bachelard eu encontrei comunhão. Sempre encontro comunhão quando o leio. As grandes comunhões não acontecem em meio aos risos da festa. Elas acontecem, paradoxalmente, na ausência do outro. Quem ama sabe disso. É precisamente na ausência que a proximidade é maior. Bachelard, ausente: eu o abracei agradecido por ele assim me entender tão bem. Como ele observa, “parece que há em nós cantos sombrios que toleram apenas uma luz bruxoleante. Um coração sensível gosta de valores frágeis“. A vela solitária de Bachelard iluminou meus cantos sombrios, fez-me ver os objetos que se escondem quando há mais gente na cena. E ele faz uma pergunta que julgo fundamental e que proponho a você, como motivo de meditação: “Como se comporta a Sua Solidão?“ Minha solidão? Há uma solidão que é minha, diferente das solidões dos outros? A solidão se comporta? Se a minha solidão se comporta, ela não é apenas uma realidade bruta e morta. Ela tem vida.

Entre as muitas coisas profundas que Sartre disse, essa é a que mais amo: “Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você.“ Pare. Leia de novo. E pense. Você lamenta essa maldade que a vida está fazendo com você, a solidão. Se Sartre está certo, essa maldade pode ser o lugar onde você vai plantar o seu jardim.

Como é que a sua solidão se comporta? Ou, talvez, dando um giro na pergunta: Como você se comporta com a sua solidão? O que é que você está fazendo com a sua solidão? Quando você a lamenta, você está dizendo que gostaria de se livrar dela, que ela é um sofrimento, uma doença, uma inimiga... Aprenda isso: as coisas são os nomes que lhe damos. Se chamo minha solidão de inimiga, ela será minha inimiga. Mas será possível chamá-la de amiga? Drummond acha que sim:

“Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.!“

Nietzsche também tinha a solidão como sua companheira. Sozinho, doente, tinha enxaquecas terríveis que duravam três dias e o deixavam cego. Ele tirava suas alegrias de longas caminhadas pelas montanhas, da música e de uns poucos livros que ele amava. Eis aí três companheiras maravilhosas! Vejo, frequentemente, pessoas que caminham por razões da saúde. Incapazes de caminhar sozinhas, vão aos pares, aos bandos. E vão falando, falando, sem ver o mundo maravilhoso que as cerca. Falam porque não suportariam caminhar sozinhas. E, por isso mesmo, perdem a maior alegria das caminhadas, que é a alegria de estar em comunhão com a natureza. Elas não vêem as árvores, nem as flores, nem as nuvens e nem sentem o vento. Que troca infeliz! Trocam as vozes do silêncio pelo falatório vulgar. Se estivessem a sós com a natureza, em silêncio, sua solidão tornaria possível que elas ouvissem o que a natureza tem a dizer. O estar juntos não quer dizer comunhão. O estar juntos, frequentemente, é uma forma terrível de solidão, um artifício para evitar o contato conosco mesmos. Sartre chegou ao ponto de dizer que “o inferno é o outro.“ Sobre isso, quem sabe, conversaremos outro dia... Mas, voltando a Nietzsche, eis o que ele escreveu sobre a sua solidão:

“Ó solidão! Solidão, meu lar!... Tua voz – ela me fala com ternura e felicidade! Não discutimos, não queixamos e muitas vezes caminhamos juntos através de portas abertas. Pois onde quer que estás, ali as coisas são abertas e luminosas. E até mesmo as horas caminham com pés saltitantes.

Ali as palavras e os tempos
poemas de todo o ser se abrem diante de mim. Ali todo ser deseja transformar-se em palavra, e toda mudança pede para aprender de mim a falar.“

E o Vinícius? Você se lembra do seu poema O operário em construção? Vivia o operário em meio a muita gente, trabalhando, falando. E enquanto ele trabalhava e falava ele nada via, nada compreendia. Mas aconteceu que, “certo dia, à mesa, ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção ao constatar assombrado que tudo naquela casa – garrafa, prato, facão – era ele que os fazia, ele, um humilde operário, um operário em construção (...) Ah! Homens de pensamento, não sabereis nunca o quando aquele humilde operário soube naquele momento! Naquela casa vazia que ele mesmo levantara, um mundo novo nascia de que nem sequer suspeitava. O operário emocionado olhou sua própria mão, sua rude mão de operário, e olhando bem para ela teve um segundo a impressão de que não havia no mundo coisa que fosse mais bela. Foi dentro da compreensão desse instante solitário que, tal sua construção, cresceu também o operário. (...) E o operário adquiriu uma nova dimensão: a dimensão da poesia.“

Rainer Maria Rilke, um dos poetas mais solitários e densos que conheço, disse o seguinte: “As obras de arte são de uma solidão infinita.“ É na solidão que elas são geradas. Foi na casa vazia, num momento solitário, que o operário viu o mundo pela primeira vez e se transformou em poeta.

E me lembro também de Cecília Meireles, tão lindamente descrita por Drummond:

“...Não me parecia criatura inquestionavelmente real; e por mais que aferisse os traços positivos de sua presença entre nós, marcada por gestos de cortesia e sociabilidade, restava-me a impressão de que ela não estava onde nós a víamos... Distância, exílio e viagem transpareciam no seu sorriso benevolente? Por onde erraria a verdadeira Cecília...“

Sim, lá estava ela delicadamente entre os outros, participando de um jogo de relações gregárias que a delicadeza a obrigava a jogar. Mas a verdadeira Cecília estava longe, muito longe, num lugar onde ela estava irremediavelmente sozinha.

O primeiro filósofo que li, o dinamarquês Soeren Kiekeggard, um solitário que me faz companhia até hoje, observou que o início da infelicidade humana se encontra na comparação. Experimentei isso em minha própria carne. Foi quando eu, menino caipira de uma cidadezinha do interior de Minas, me mudei para o Rio de Janeiro, que conheci a infelicidade. Comparei-me com eles: cariocas, espertos, bem falantes, ricos. Eu diferente, sotaque ridículo, gaguejando de vergonha, pobre: entre eles eu não passava de um patinho feio que os outros se compraziam em bicar. Nunca fui convidado a ir à casa de qualquer um deles. Nunca convidei nenhum deles a ir à minha casa. Eu não me atreveria. Conheci, então, a solidão. A solidão de ser diferente. E sofri muito. E nem sequer me atrevi a compartilhar com meus pais esse meu sofrimento. Seria inútil. Eles não compreenderiam. E mesmo que compreendessem, eles nada podiam fazer. Assim, tive de sofrer a minha solidão duas vezes sozinho. Mas foi nela que se formou aquele que sou hoje. As caminhadas pelo deserto me fizeram forte. Aprendi a cuidar de mim mesmo. E aprendi a buscar as coisas que, para mim, solitário, faziam sentido. Como, por exemplo, a música clássica, a beleza que torna alegre a minha solidão...

A sua infelicidade com a solidão: não se deriva ela, em parte, das comparações? Você compara a cena de você, só, na casa vazia, com a cena (fantasiada ) dos outros, em celebrações cheias de risos... Essa comparação é destrutiva porque nasce da inveja. Sofra a dor real da solidão porque a solidão dói. Dói uma dor da qual pode nascer a beleza. Mas não sofra a dor da comparação. Ela não é verdadeira.

Mas essa conversa não acabou: vou falar depois sobre os companheiros que fazem minha solidão feliz.

(Correio Popular, 30/06/2002)

sábado, 23 de junho de 2012

O Psicopata.



Sabe aquela pessoa que acha que pode passar a frente de todos por que não haverá problema algum? Ou aquela pessoa que fura filas simplesmente por achar que ficar esperando não e pra ela?  Ou então que passa por cima de um colega de trabalho sem o menor escrúpulo por que afinal de contas o mundo corporativo e assim mesmo selvagem?  Pois e...  Fique atento, você pode estar perto de alguém com transtorno de personalidade antissocial, vulgo psicopata.


A psicopatia é um distúrbio mental grave caracterizado por um desvio de caráter, ausência de sentimentos genuínos, frieza, insensibilidade aos sentimentos alheios, manipulação ,egocentrismo, falta de remorso e culpa para atos cruéis e inflexibilidade com castigos e punições. Apesar de a psicopatia ser muito mais frequente nos indivíduos do sexo masculino, também atinge as mulheres, em variados níveis, embora com características diferenciadas e menos específicas.







A psicopatia parece estar relacionada a algumas importantes disfunções cerebrais, sendo importante considerar que um só único fator não é totalmente esclarecedor para causar o distúrbio; parece haver uma junção de componentes. Embora alguns indivíduos com psicopatia mais branda não tenham tido um histórico traumático, o transtorno - principalmente nos casos mais graves, tais como sádicos e serial killers - parece estar associado à mistura de três principais fatores: disfunções cerebrais/biológicas ou traumas neurológicos, predisposição genética e traumas sociopsicológicos na infância (ex, abuso emocional, sexual, físico, negligência, violência, conflitos e separação dos pais etc.). Todo indivíduo antissocial possui, no mínimo, um desses componentes no histórico de sua vida, especialmente a influência genética. Entretanto, nem toda pessoa que sofreu algum tipo de abuso ou perda na infância se tornara um psicopata; há de se considerar desde a genética, traumas psicológicos e disfunções no cérebro (especialmente no lobo frontal e sistema límbico)



Por se tratar de um transtorno de personalidade, o distúrbio tem eclosão evidente no final da adolescência ou começo da idade adulta, por volta dos 18 anos e geralmente acompanha por toda a vida, porem aos 6/7 anos de idade uma criança já pode apresentar alguns sintomas como crueldade com animais e colegas, mentiras excessivas, condutas desafiadoras a figuras de autoridade (pais, professores) e falta de vergonha ou constrangimento quando pegos em flagrante com mentiras.  Há que se ter bastante cuidado na avaliação de uma criança pois alguns destes sintomas estão presente também em outras psicopatologias que nada tem a ver com transtornos de personalidade.


Algumas características e mitos.

Os psicopatas costumam ser egocêntricos, desonestos. Com freqüência adotam comportamentos irresponsáveis sem razão aparente, exceto pelo fato de se divertirem com o sofrimento alheio. Os psicopatas não sentem culpa; nos relacionamentos amorosos são insensíveis e detestam compromisso. Sempre têm desculpas para seus descuidos, em geral culpando outras pessoas. Raramente aprendem com seus erros ou conseguem frear impulsos.
Apesar das pesquisas realizadas nas últimas décadas, três grandes equívocos sobre o conceito de psicopatia persistem entre os leigos. O primeiro é a crença de que todos os psicopatas são violentos

O segundo mito diz que todos os psicopatas sofrem de psicose. Ao contrário dos casos de pessoas com transtornos psicóticos, em que é freqüente a perda de contato com a realidade, os psicopatas são quase sempre muito racionais. Eles sabem muito bem que suas ações imprudentes ou ilegais são condenáveis pela sociedade, mas desconsideram tal fato com uma indiferença assustadora. Além disso, os psicóticos raramente são psicopatas.

O terceiro equívoco em relação ao conceito de psicopatia está na suposição de que é um problema sem tratamento. Embora os psicopatas raramente se sintam motivados para buscar tratamento, uma pesquisa feita pela psicóloga Jennifer Skeem, da Universidade da Califórnia em Irvine, sugere que essas pessoas podem se beneficiar da psicoterapia também. E de fato muito difícil mudar comportamentos psicopatas, porem a terapia pode ajudar a pessoa a respeitar regras sociais e prevenir atos criminosos, principalmente quando levados a um tratamento na infância. Não custa tentar....


De maneira geral podemos identificar dois tipos de psicopatas: os ditos “comunitários” ou de grau leve e os do tipo “antissocial” ou de grau moderado a grave.

Os primeiros, que são os mais comuns, são os mais difíceis de serem diagnosticados porque tendem a se passar despercebidos no ambiente social. Muitas vezes estão ao lado de todos e ninguém consegue perceber isto. Eles podem ser desde um falso colega oportunista que vive se fazendo de vítima, até trapaceiros, parasitas sociais, políticos, empresários e religiosos. Esse psicopata raramente vai para a cadeia, mas quando esses indivíduos - por algum motivo ilícito - vão para a prisão, são tidos como presos "exemplares" pelo seu bom comportamento: são muito bem vistos, comportados, não arranjam confusões e dissimulam uma aparência de inocentes, a ponto que outros presos e seguranças não consigam acreditar que aquela pessoa tão calma pôde cometer algum crime. Comumente foram crianças com grande charme superficial, encantavam facilmente adultos pela sua aparência de docilidade, entretanto, já apresentavam traços de frieza, insensibilidade, e intolerância à frustração - que podem ser evidentes em condutas como maltratar coleguinhas, animais, mentir etc.

Já o psicopata de grau moderado a grave corresponde àqueles que satisfazem quase ou todos os critérios do DSM do transtorno de personalidade antissocial . Esses psicopatas têm uma alta tendência a se enquadrarem por exemplo, na categoria serial killers A maioria apresenta as mesmas características do psicopata comunitário, entretanto apresentam condutas que os colocam contra à sociedade em geral fazendo com que sejam mais facilmente inseridos no meio carcerário. São menos freqüentes, porem eles são aqueles que estão mais facilmente vulneráveis a delitos graves e chocantes. Podem estar mais infiltrados no meio das drogas, álcool, jogo compulsivo, direção imprudente, vadiagem e promiscuidade e vandalismo, além de grandes golpes e graves estelionatos. Obtêm prazer (principalmente sexual) ao ver o sofrimento de outra pessoa e são indivíduos excessivamente problemáticos, do ponto de vista emocional. Em contraste a essas características, de modo semelhante ao psicopata comunitário, podem apresentar-se como uma pessoa normal perante os outros e a sociedade, contudo, escondem uma personalidade muito mais sombria - esta ocasionalmente visível para familiares, por exemplo, onde o ambiente é marcado por discussões frequentes. É comum nessas pessoas, um histórico de doenças neuropsiquiátricas como depressão, déficit de atenção, transtornos de ansiedade ou outros distúrbios de personalidade, além de um persistente sentimento de vazio existencial e tédio, o que os faz buscarem constantes estímulos - inconstantes, enjoam de tudo facilmente, por isso sempre procuram algo novo e diferente para fazerem; mas possuem dificuldade em terminar o que começam. Entretanto, parece que desde criança, apesar desse vazio sentimental, eles conseguem "imitar" as emoções das outras pessoas (embora não as sinta de verdade) a fim de conseguirem um ideal. Assim são suas emoções, geralmente aparecem e desaparecem de forma súbita. Na infância, esses indivíduos geralmente sofreram algum tipo de trauma significante o que pode ser considerado agravante da psicopatia. Normalmente foram crianças mais reservadas ou introvertidas, mas que, por vezes, apresentavam traços de transtorno de conduta. Mesmo que não demonstrem socialmente, a característica principal da psicopatia é um forte traço narcisista enraizado na personalidade, podem demonstrar características megalomaníacas.




Critérios pelo DSM-IV-TR para transtorno de personalidade antissocial (F60.2/301.7)
  •  A. Um padrão pervasivo de desrespeito e violação aos direitos dos outros, que ocorre desde os 15 anos, como indicado por pelo menos três dos seguintes critérios:
  •   1.Fracasso em conformar-se às normas sociais com relação a comportamentos legais, indicado pela execução repetida de atos que constituem motivo de detenção;
  •   2.Impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro;
  •       3.Irritabilidade e agressividade, indicadas por repetidas    lutas corporais ou agressões físicas; porém, paradoxalmente, têm fama e geralmente agem de forma bem comportada.           4.Desrespeito irresponsável pela segurança própria ou alheia;
  •   5.Irresponsabilidade consistente, indicada por um repetido fracasso em manter um comportamento laboral consistente ou honrar obrigações financeiras;
  •   6.Ausência de remorso, indicada por indiferença ou racionalização por ter ferido, maltratado ou roubado outra pessoa.
  •   7.Comportamento sexual exacerbado e inadequado, via de regra com vários parceiros, sem nenhuma ligação afetiva;
  •   8. Agressividade contra animais domésticos;
  •   9. Desrespeito e desprezo por ambientes familiares;
  •   B. O indivíduo tem no mínimo 18 anos de idade.
  •   C. Existem evidências de Transtorno de Conduta com início antes dos 15 anos de idade.
  •   D. A ocorrência do comportamento antissocial não se dá exclusivamente durante o curso de Esquizofrenia ou Episódio Maníaco.



Vale dizer que, embora tecnicamente o psicopata seja sinônimo do transtorno de personalidade antissocial, nem sempre os psicopatas (principalmente os mais comuns) apresentam todas esses critérios.
Entretanto, em contraste com tais características, um ponto muito comum entre todos os psicopatas é o ambiente intrafamiliar marcado por diversos e extensos conflitos; todo psicopata tem um ambiente familiar conturbado, permeado por constantes discussões e brigas



Características resumidas e curiosidades
§  Para cada 25 pessoas, 1 ao menos exibe traços psicopáticos;
§  Para cada 3 homens psicopatas, 1 mulher é psicopata;
§  Podem ter uma autoestima ou visão de si próprios elevada;
§  Frequentemente são autossuficientes e vaidosos;
§  Muitas vezes exibem um encanto superficial, são sedutores e conquistam facilmente as outras pessoas;
§  Possuem dificuldade em manter relacionamentos, embora consigam estabelecer facilmente;
§  É comum a necessidade de ter autoridade: são pessoas que necessitam estar sempre no comando ou poder, detestam serem comandados ou submissos;
§  Frequentemente possuem tendências sádicas;
§  Frequentemente são muito manipuladores, manipulam pessoas, ambientes e circunstâncias a seu favor;
§  Não possuem sentimentos de culpa ou arrependimento;
§  Geralmente são frios, raramente demonstrando algum tipo de afetividade mas quando demonstram, é superficial;
§  Podem ser inconstantes, detestar rotina e monotonia e enjoar fácil de tudo;
§  Frequentemente irresponsáveis: tendem a jogar culpa sempre nos outros, não se responsabilizam pelas próprias condutas.
§  Falta de metas a longo prazo ou mudanças constantes de metas;
§  Tendem a ser infieis e seus relacionamentos íntimos geralmente não são duradouros;
§  Podem possuir vida dupla: socialmente sendo pessoas exemplares, mas com pessoas da intimidade se mostrarem totalmente diferentes;
§  Bastante críticos em relação a moralidade e ética. Para eles, "regras foram feitas para serem quebradas" e "os fins justificam os meios";
§  Frequentemente psicopatas se dão bem em entrevistas de empregos, manipulam as pessoas e conquistam a confiança de todos facilmente no ambiente de trabalho;
§  Geralmente acham que estão certos e que seu estilo de vida é o mais adequado.
§  Expressam pouco ou nenhum amor, afetividade, carinho etc. Nem mesmo por filhos, pais, parentes, cônjuge ou amantes.
§  Geralmente são pessoas com sorrisos fáceis, amáveis quando lhe convêm e absolutamente frias quando julgam necessário;

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Boderline - Você conhece alguém assim?


Irretocável matéria sobre o Transtorno de Personalidade Boderline






Borderline é um transtorno de personalidade que traz sérias conseqüências para a pessoa, seus familiares e seus amigos próximos. O termo "fronteiriço" se refere ao limite entre um estado normal e um quase psicótico, assim como às instabilidades de humor.
Muito mais freqüente em mulheres do que em homens (por isso a página é escrita no feminino).
1) Sintomas (claro que nem todas as Borderline tem todos estes sintomas):
  • Medo de abandono: uma necessidade constante, agoniante de nunca se sentirem sozinhas, rejeitadas e sem apoio.
  • Dificuldade de administrar emoções
  • Impulsividade.
  • Instabilidade de humor. As oscilações de humor do DAB ou TAB - Distúrbio ou Transtorno Afetivo Bipolar duram semanas ou meses, mas as Borderline têm oscilações de minutos, horas, dias. Essas oscilações de humor incluem depressões, ataques de ansiedade, irritabilidade, ciúme patológico, hetero- e auto-agressividade. Uma paciente marca a consulta informando que está super deprimida, querendo morrer. No dia seguinte chega à consulta bem humorada, bem vestida, maquiada, vaidosa.
  • Comportamento auto-destrutivo (se machucar, se cortar, se queimar). As portadoras de Borderline dizem que se machucam para satisfazer uma necessidade irresistível de sentir dor. Ou porque a dor no corpo "é melhor que a dor na alma".
  • Tentativas de suicídio, mais freqüentemente as de impulso do que as planejadas.
  • Mudanças de planos profissionais, de círculos de amizade.
  • Problemas de auto-estima. Borderlines se sentem desvalorizadas, incompreendidas, vazias. Não tem uma visão muito objetiva de si mesmos.
  • Muito impulsivas: idealizam pessoas recém conhecidas, se apaixonam e desapaixonam de maneira fulminante.
  • Desenvolvem admiração e desencanto por alguém muito rapidamente. Criam situações idealizadas sem que o parceiro objeto do afeto muitas vezes nem tenha idéia de que o relacionamento era tão profundo assim...
  • Alta sensibilidade a qualquer sensação de rejeição. Pequenas rejeições provocam grandes tempestades emocionais. Uma pequena viagem de negócios do namorado ou marido pode desencadear uma tempestade emocional completamente desproporcional (acusações de rejeição, de abandono, de não se preocupar com as necessidades dela, de egoísmo, traição, etc.).
  • A mistura de idealização por alguém e a extrema sensibilidade às pequenas rejeições que fazem parte de qualquer relacionamento são a receita ideal para relacionamentos conturbados e instáveis, para rompimentos e estabelecimento imediato de novos relacionamentos com as mesmas idealizações.
  • Menos freqüente: episódios psicóticos (se sentirem observadas, perseguidas, assediadas, comentadas).
2) Risco aumentado para:
  • Compras Compulsivas.
  • Sexo de risco.
  • Comer Compulsivo, Bulimia, Anorexia.
  • Depressão.
  • Distúrbios de Ansiedade.
  • Abuso de substâncias.
  • Transtorno Afetivo Bipolar.
  • Outros Transtornos de Personalidade.
  • Violência (não só sexual), abusos e abandono, por causa da impulsividade e da falta de crítica para escolher novos parceiros.
3) A causa provável é uma combinação de:
  • Vivências traumáticas (reais ou imaginadas) na infância, por exemplo abuso psicológico, sexual, negligência, terror psicológico ou físico, separação dos pais, orfandade.
  • Vulnerabilidade individual.
  • Stress ambiental que desencadeia o aparecimento do comportamento Borderline.
Cuidado com conclusões precipitadas do tipo "você foi abusada" ou "você foi aterrorizada".
4) Evolução:
  • Geralmente começa a se manifestar no final da adolescência e início da vida adulta.
  • Com o passar dos anos existe uma diminuição do número de internações hospitalares e de tentativas de suicídio.
  • Parece piada de mau gosto, mas é uma realidade estatística: a cada tentativa de suicídio que a Borderline sobrevive, diminui a chance de uma nova tentativa.
5) Fatores de bom prognóstico:
  • Bons relacionamentos familiares, sociais, afetivos, profissionais.
  • Participação em atividades comunitárias: igrejas, clubes, associações culturais, artísticas, etc.
  • Baixa ou ausente freqüência de auto-agressão.
  • Baixa ou ausente freqüência de tentativas de suicídio.
  • Ser casada.
  • Ter filhos.
  • Não ser promíscua.
6) Tratamento.
A integração de tratamentos medicamentosos mais psicoterápico trouxe grandes progressos no tratamento do Transtorno Borderline.
  • Medicação:
O tratamento medicamentoso inclui Estabilizadores de Humor (mesmo que não se trate de DAB) pois eles ajudam a conter a impulsividade e as oscilações de humor.
Antidepressivos e Tranqüilizantes não tem a mesma eficácia que teriam em casos de depressões ou ansiedades "puras" mas certamente tem sua utilidade em Borderline.

Embora a medicação seja muito importante, ela é ator coadjuvante. O ator principal no tratamento é a Psicoterapia.
  • Psicoterapia:
Não é uma terapia fácil. O que acontece "na vida real" acontece dentro do consultório: instabilidade, alternância de amor e ódio, idealização e desapontamento com o terapeuta, sedução, impulsividade, etc.
Geralmente no início do tratamento a Psicoterapia é mais Analítica, para que a paciente reconheça o problema, suas causas e as conseqüências na sua vida.
Mais tarde, quando as causas e conseqüências estiverem bem entendidas pela paciente, a Psicoterapia Cognitivo Comportamental (TCC) é mais útil, pois ela ensina a paciente a ter comportamentos alternativos mais saudáveis.
Isso quer dizer o seguinte: o tratamento exige paciência, persistência, disciplina e muito boa vontade.
Pacientes gratos hoje podem se mostrar ingratos amanhã.
Terapeutas que hoje são vistos como atenciosos e dedicados podem ser criticados e vistos como monstros amanhã


Fonte: Mental Help

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Alzheimer - Uma Esperança

Antigo mistério sobre a doença de Alzheimer
A descoberta de que o envelhecimento de uma célula específica é uma causa da doença e não uma resposta a danos neurais, como os especialistas pensavam, abre perspectivas para novos tratamentos da demência





http://www2.uol.com.br/vivermente/img/px_branco.gif
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Células gliais figuram como atores principais numa série de doenças neurológicas e psicológicas. Pesquisas recentes mostraram que muitos transtornos neurológicos são na verdade transtornos da glia, particularmente um tipo de célula chamado de microglia, que funciona como um escudeiro defendendo o cérebro de doenças. Esses defensores procuram e matam corpos invasores, e promovem a recuperação de áreas danificadas. Eliminando tecidos doentes e liberando compostos potentes que estimulam a reparação dos tecidos, sua função é primordial em diversos tipos de doença neurológica.

Novas pesquisas sugerem que a demência típica da doença de Alzheimer poderia ser consequência direta da perda da capacidade da glia de limpar os detritos. Alois Alzheimer foi o primeiro a observar que a microglia envolve as placas de amiloides, que são a marca registrada da doença. Normalmente a microglia digere as proteínas tóxicas que formam essas placas. No entanto, estudos recentes realizados pelo neurocientista Wolfgang J. Streit, da Faculdade de Medicina da Universidade da Flórida, sugerem que com o passar do tempo a microglia enfraquece e começa a se degenerar. A atrofia é visível ao microscópio. Microglias senescentes em cérebros envelhecidos se fragmentam, perdendo várias de suas ramificações celulares.

A forma como a doença de Alzheimer incursiona pelo cérebro é mais um sinal do envolvimento microglial. Os danos do tecido se espalham de forma predeterminada, começando próximo do hipocampo e finalmente atingindo o córtex frontal. As observações de Streit mostram que a degeneração microglial segue o mesmo padrão – e ocorre antes da degeneração neural, sugerindo que o envelhecimento da microglia é uma causa da demência do Alzheimer, e não uma resposta a danos neurais, como o próprio Alzheimer e muitos especialistas pensavam. Essa descoberta pode levar a novos tratamentos para a demência, assim que os pesquisadores descobrirem por que a microglia se torna senescente com a idade em algumas pessoas, e em outras não


quinta-feira, 24 de maio de 2012

Difícil Aprender?


Sobre as dificuldades de aprendizagem - Um lembrete...




A área da educação nem sempre é cercada somente por sucessos e aprovações. Muitas vezes, no decorrer do ensino, nos deparamos com problemas que deixam os alunos paralisados diante do processo de aprendizagem, assim são rotulados pela própria família, professores e colegas.
É importante que todos os envolvidos no processo educativo estejam atentos a essas dificuldades, observando se são momentâneas ou se persistem há algum tempo.
As dificuldades podem advir de fatores orgânicos ou mesmo emocionais e é importante que sejam descobertas a fim de auxiliar o desenvolvimento do processo educativo, percebendo se estão associadas à preguiça, cansaço, sono, tristeza, agitação, desordem, dentre outros, considerados fatores que também desmotivam o aprendizado.
A dificuldade mais conhecida e que vem tendo grande repercussão na atualidade é a dislexia, porém, é necessário estarmos atentos a outros sérios problemas: disgrafia, discalculia, dislalia, disortografia e o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade).


- Dislexia: é a dificuldade que aparece na leitura, impedindo o aluno de ser fluente, pois faz trocas ou omissões de letras, inverte sílabas, apresenta leitura lenta, dá pulos de linhas ao ler um texto, etc. Estudiosos afirmam que sua causa vem de fatores genéticos, mas nada foi comprovado pela medicina.
- Disgrafia: normalmente vem associada à dislexia, porque se o aluno faz trocas e inversões de letras, consequentemente encontra dificuldade na escrita. Além disso, está associada a letras mal traçadas e ilegíveis, letras muito próximas e desorganização ao produzir um texto.
- Discalculia: é a dificuldade para cálculos e números, de um modo geral os portadores não identificam os sinais das quatro operações e não sabem usá-los, não entendem enunciados de problemas, não conseguem quantificar ou fazer comparações, não entendem sequências lógicas. Esse problema é um dos mais sérios, porém ainda pouco conhecido.
- Dislalia: é a dificuldade na emissão da fala, apresenta pronúncia inadequada das palavras, com trocas de fonemas e sons errados, tornando-as confusas. Manifesta-se mais em pessoas com problemas no palato, flacidez na língua ou lábio leporino.
- Disortografia: é a dificuldade na linguagem escrita e também pode aparecer como consequência da dislexia. Suas principais características são: troca de grafemas, desmotivação para escrever, aglutinação ou separação indevida das palavras, falta de percepção e compreensão dos sinais de pontuação e acentuação.
- TDAH: O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um problema de ordem neurológica, que traz consigo sinais evidentes de inquietude, desatenção, falta de concentração e impulsividade. Hoje em dia é muito comum vermos crianças e adolescentes sendo rotulados como DDA (Distúrbio de Déficit de Atenção), porque apresentam alguma agitação, nervosismo e inquietação, fatores que podem advir de causas emocionais. É importante que esse diagnóstico seja feito por um médico e outros profissionais capacitados.
Professores podem ser os mais importantes no processo de identificação e descoberta desses problemas, porém não possuem formação específica para fazer tais diagnósticos, que devem ser feitos por médicos, psicólogos e psicopedagogos. O papel do professor se restringe em observar o aluno e auxiliar o seu processo de aprendizagem, tornando as aulas mais motivadas e dinâmicas, não rotulando o aluno, mas dando-lhe a oportunidade de descobrir suas potencialidades

 Fonte: Brasil Escola

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Um papo sobre Alzheimer


A Doença de Alzheimer 





Histórico da Doença

Alois Alzheimer, médico alemão que viveu entre a segunda metade do século XIX e o início do século XX, publicou, em 1907, o artigo A characteristic serious disease of the cerebral cortex, em que apresenta os achados clínicos e anatomopatológicos de um caso peculiar. Auguste D. foi atendida inicialmente aos 51 anos, quando passou a apresentar sintomas delirantes (ciúmes intensos) em relação ao marido. Alterações de linguagem e de memória, além de desorientação no tempo e no espaço instalaram-se logo em seguida, com piora progressiva. A paciente faleceu quatro anos e meio após o início dos sintomas, em estágio avançado de demência, e foi submetida a exame anatomopatológico.

Alzheimer observou acúmulo de placas características no espaço extracelular (placas senis) e lesões neurofilamentares no interior de neurônios, distribuídas difusamente pelo córtex cerebral. Cinco anos após, em 1912, o renomado professor de Psiquiatria alemão E. Kraepelin faz pela primeira vez menção, em seu compêndio de Psiquiatria, a “esta doença descrita por Alzheimer”. A partir dessa época, o epônimo Doença de Alzheimer passou a ser utilizado para os casos de demência ocorrendo na faixa etária pré-senil (antes dos 65 anos) e que apresentavam características clínicas e neuropatológicas semelhantes à paciente inicialmente descrita.

Durante várias décadas, esse diagnóstico ficou reservado a tais casos de demência degenerativa présenil, em oposição aos casos bem mais freqüentes - e já conhecidos no início do século XX - de Demência Senil. Esta dicotomia teve raízes em disputas acadêmicas entre diferentes escolas psiquiátricas alemãs naquela mesma época. Foi apenas muitas décadas após, no final dos anos 60, que diferentes estudos demonstraram que a então denominada Doença de Alzheimer e a Demência Senil eram, na realidade, a mesma condição clínico-patológica, embora com algumas diferenças de apresentação clínica. A partir da década de 70, o termo Doença de Alzheimer passou a ser empregado de forma indistinta para os casos de demência degenerativa que apresentavam as lesões cerebrais descritas (placas senis e emaranhados neurofibrilares), independentemente da faixa etária de início dos sintomas.
 Com o aumento substancial da expectativa de vida da população mundial verificado nas últimas décadas, a Doença de Alzheimer tornou-se um sério e importante problema de saúde individual e coletiva, em decorrência da significativa incapacidade que acarreta aos pacientes, das influências sobre os familiares e cuidadores, além dos custos diretos e indiretos que ocasiona

Características 


A doença de Alzheimer é uma demência degenerativa. Este conceito remete para uma alteração global do funcionamento cognitivo. É uma doença que começa com perturbações de memória em que o doente começa por apresentar queixas frequentes de esquecimentos do local onde colocou determinados objectos. 
Numa fase inicial o doente têm consciência da sua situação, mas à medida que a doença progride o doente vai perdendo a consciência da sua doença e das suas dificuldades. 
Os problemas de linguagem também começam a ser cada vez maiores. O doente durante o seu discurso tem alguma dificuldade em encontrar as palavras e com o evoluir da doença, ao não conseguir encontrar a palavra certa, cria parafrases (palavras sem significado). A sua linguagem começa a ser cada vez mais confusa e a fazer cada vez menos sentido. A compreensão da linguagem também começa a ser cada vez mais difícil para o doente de Alzheimer. Esta situação começa muitas vezes por trazer conflitos entre a o doente e a sua família, que não o entende e este que não se consegue fazer entender. Para agravar esta problemática, as alterações comportamentais e mudanças de personalidade também se começam a manifestar numa fase mais avançada da doença. Podem manifestar sintomas depressivos como, apatia, desinteresse, desmotivação, sintomas ansiosos tais como, ansiedade generalizada, fobias, perturbações obsessivo-compulsivas. Podem manifestar também comportamentos agressivos, desinibição sexual ou até mesmo ideias delirantes.



A doença de Alzheimer é também caracterizada por perturbações Práxicas, em que o doente começa a ter dificuldade na execução de gestos desde os mais simples tais como, dizer adeus, fazer o sinal de chamamento, benzer-se, até aos mais complexos, tais como servir-se de uma tesoura ou vestir-se.
O doente começa também por perder capacidades de orientação quer no espaço, em que acontece muitas vezes o doente perder-se mesmo perto de casa e mais tarde dentro da própra casa, quer no tempo, em que o doente não sabe nem em que dia e mês está e muitas vezes nem no ano em que se encontra.
O doente vai progressivamente perdendo também a capacidade de se lembrar de rostos (prosopagnosia), inicialmente dos menos familiares e à medida que a doença progride, vai-se esquecendo das pessoas mais proximas. Começa por se esquecer das noras e genros, depois dos netos, mais tarde dos filhos, e por último do marido e muitas vezes da sua própria identidade.


Tratamento



Para identificar a doença de Alzheimer em primeiro lugar deve ser feito um diagnóstico diferencial, que permita excluir doenças que apresentam alguns sintomas idênticos, tais como perturbações cognitivas não demenciais, outras demências degenerativas e não degenerativas. Por vezes torna-se difícil diferenciar a doença de Alzheimer numa fase inicial, de uma perturbação cognitiva não demencial, como é o caso de uma síndrome depressiva, que apresenta também problemas de memória dos factos recentes, dificuldade de concentração e atenção, desinteresse, apatia e pouca iniciativa.

O doente deverá ter apoio psicoterapêutico no sentido de minimizar o sofrimento causado pela síndrome depressiva ou pelas perturbações de ansiedade, típico da fase inicial da doença, em que o doente sente perder o controlo das situações e o medo do futuro. Esta é uma fase em que o doente ainda tem consciência da sua situação e por isso devem ser trabalhados os sentimentos e emoções do doente relacionados com o seu problema. O objectivo terapêutico deve ser o de estimular a auto-estima do doente, de reduzir os sentimentos de ansiedade e depressão, ajuda-lo a ter mais autonomia e a evitar a perda de controlo.
As técnicas cognitivo-comportamentais, como as estratégias de gestão de stress e reestruturação cognitiva, podem ser úteis, na medida em que podem reduzir a ansiedade e o medo face ao futuro. As técnicas de relaxamento também podem ser eficazes para melhorar a qualidade do sono que é frequentemente alterada na doença de Alzheimer e as perturbações da ansiedade em geral. 
Estas técnicas podem e devem também ser aplicadas aos familiares do doente, que também estão a viver momentos de sofrimento, nomeadamente sentimentos depressivos e ansiosos

A terapia deve também ajudar o doente a habilitar a sua memória utilizando métodos específicos, tais como utilização de agendas adaptadas ao doente e outras coisas práticas que o ajudem na sua vida quotidiana.
Outras técnicas de habilitação cognitiva, consistem em utilizar exercícios que permitam “desenvolver” a linguagem, a memória, a atenção-concentração, a leitura, a escrita, a orientação e a coordenação motora