segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Projeto brasileiro visa aumentar a longevidade da população

Projeto brasileiro estudará DNA de idosos saudáveis para aumentar longevidade da população






"O código genético daqueles que conseguiram chegar a oito décadas de vida, em um ambiente tão hostil quanto São Paulo, tem muito a nos dizer sobre como podemos aumentar nosso tempo de vida"
Mayana Zatz, geneticista da USP

O DNA de idosos que chegaram com boa saúde aos 80 anos poderá ajudar futuras gerações a viver mais - e bem. O Centro de Estudos do Genoma Humano (CEGH), da Universidade de São Paulo, está catalogando o código genético de pessoas saudáveis com mais de oito décadas de vida. A ideia é montar um banco de dados que possa servir de comparação com o genoma de pessoas mais jovens. Batizado 80+, o projeto foi apresentado pela geneticista brasileira Mayana Zatz durante a Fapesp Week, em Washington, nos Estados Unidos.

Segundo o geneticista Kevin Davies, em poucos anos o sequenciamento de DNA deve se tornar tão corriqueiro quanto tirar um raio-X. O fundador do periódico britânico Nature Genetics disse ao site de VEJA que, até 2014, um milhão de pessoas terão o genoma sequenciado. "Vamos detectar milhões de mutações que podem ou não desencadear doenças", disse. "Quanto mais pessoas tiverem o DNA sequenciado, mais variações desconhecidas encontraremos", acrescentou.


O que é genoma?


"O genoma é toda a informação hereditária de um organismo. Ele pode ser entendido como se fosse o disco rígido de um computador. Dentro dele ficam as pastas, ou cromossomos. Dentro de cada cromossomo ficam os arquivos, ou genes. Os genes são responsáveis por desencadear características e comportamentos do organismo, desde resistência a certos remédios ou o desenvolvimento de doenças. O Projeto Genoma, concluído em 2003, identificou onde ficava cada um dos três bilhões de "arquivos" dentro das 46 pastas — ou cromossomos — do código genético humano. Agora, os especialistas estão trabalhando para saber qual é a função de cada um dos genes"

"Se encontrarmos uma mutação no indivíduo jovem que também esteja presente no grupo dos '80+', ou seja, de idosos saudáveis, teremos uma indicação de que a alteração tem poucas chances de desencadear uma doença", disse Mayana. "Contudo, se for uma mutação que não está presente no banco de dados - ou seja, não se manifestou em idosos saudáveis - pode ser algo que o indivíduo tenha que discutir com seu médico."

Atualmente, o CEGH já tem o genoma de 400 pessoas com mais de 80 anos e saudáveis, a maioria da capital paulista. Os cientistas querem chegar a 1.000 indivíduos. Para isso, eles contam com a ajuda da Faculdade de Saúde Pública de São Paulo, que colabora com os dados demográficos de idosos que estão sendo acompanhados há 11 anos, e do hospital Albert Einstein, também da capital paulista, responsável pela análise de ressonância magnética cerebral dos voluntários e pelo transporte dos participantes. "Quando tivermos o sequenciamento de todos os indivíduos, os dados relevantes ficarão disponíveis para toda a comunidade científica."

Aplicações

Mayana deu o exemplo de doenças neurológicas que começam depois dos 50 anos, como o Alzheimer. "O banco de dados do '80+' é formado por pessoas que têm chances mínimas de desenvolver essas doenças, já que são saudáveis em uma idade mais avançada", disse a geneticista. "Se uma pessoa jovem fizer o sequenciamento do genoma, poderemos verificar se as mutações que ela tem são semelhantes às das pessoas saudáveis bem mais velhas. Isso vai dar uma resposta mais próxima do que pode acontecer com ela no futuro", disse.

O banco do 80+ também poderá ajudar a conhecer melhor doenças graves, como a que afeta o físico britânico Stephen Hawking, a esclerose lateral amiotrófica. "Hawking possui uma variante rara", disse Mayana. "Pacientes diagnosticados com a doença geralmente vivem entre dois e três anos." A geneticista conta que especialistas encontraram um gene associado à esclerose lateral amiotrófica em pessoas saudáveis. Ainda é preciso determinar se a alteração basta para desencadear a doença ou se ela fica adormecida e algum dia pode causar a manifestação dos sintomas. "As informações reunidas no '80+' vão ajudar a esclarecer se uma pessoal que é saudável tem mais ou menos chances de desenvolver a doença", disse Mayana.

O trabalho do CEGH também vai ajudar a medicina a entender melhor os mecanismos genéticos da longevidade. De posse do genoma dessas pessoas, os cientistas terão acesso às informações hereditárias que as ajudaram a viver mais e bem. "Apesar do ambiente também influenciar na longevidade de uma pessoa", disse Mayana, "o código genético daqueles que conseguiram chegar a oito décadas de vida, em um ambiente tão hostil quanto São Paulo, tem muito a nos dizer sobre como podemos aumentar nosso tempo de vida."


Fonte: Veja

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Relatório da ONU sobre crescimento mundial: dados sobre envelhecimento

Número recorde de jovens e idosos é desafio para países, diz ONU



O aumento de idosos nos países ricos afeta a economia; a expectativa de vida média é de 68 anos

O número recorde de jovens e idosos no mundo traz grandes desafios para governos de países ricos e pobres, diz um relatório da ONU sobre crescimento mundial divulgado nesta quarta-feira.

"Em alguns países pobres, as altas taxas de fertilidade minam o desenvolvimento e acentuam a pobreza, enquanto nas nações mais ricas, a preocupação é com a baixa fertilidade e o número reduzido de pessoas que entram no mercado de trabalho", afirma o relatório Situação da População Mundial 2011, divulgado nesta quarta-feira pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).

Em países pobres, por exemplo, jovens desempregados migram das zonas rurais para as cidades ou para outros países onde as opções de emprego são melhores. E acabem deixando para trás familiares idosos que muitas vezes ficam sem o apoio que necessitam.

Já em nações mais ricas, o número baixo de jovens implica em incertezas sobre quem irá cuidar dos idosos no futuro e pagar benefícios como a aposentadoria.

Atualmente, as pessoas de 24 anos ou menos formam metade dos 7 bilhões de habitantes (sendo que 1,2 bilhão tem entre 10 e 19 anos) do mundo. Lidar com o alto índice de desemprego neste grupo é um dos grandes desafios apontados pelo relatório.
No auge da crise econômica, a taxa de desemprego global nessa faixa etária chegou aos níveis mais altos já registrados: de 11,9% para 13% entre 2007 e 2009. Em particular as mulheres jovens são as que encontram maior dificuldade em encontrar emprego.

Em algumas regiões, o desemprego entre jovens é tão alto que acaba tendo implicações sociais. Como exemplo, o relatório lembra que o alto índice de desemprego entre jovens árabes – que chegou a 23,4% - teria agido com uma espécie de fenômeno catalisador nas revoluções da chamada Primavera Árabe.

Altas taxas de gravidez entre adolescentes também preocupam pelo seu papel no crescimento desenfreado da população em determinadas regiões. O problema é mais grave na África Subsaariana e na América Latina e Caribe, de acordo com o relatório da ONU.

E ainda nos países pobres ou em desenvolvimento, deficiências no setor da educação, mediante o atual ritmo do crescimento populacional, podem criar sérias distorções sociais.

O relatório cita como exemplo a Índia: "Geógrafos e cientistas sociais estão céticos e questionam como tantos jovens vão estar prontos para terem vidas produtivas em uma economia cada vez mais sofisticada e complexa, quando mais de 48% das crianças indianas estão mal nutridas e apenas 66% completam o ensino primário".

Em muitos países ricos, a grande preocupação vem no sentido oposto, no encolhimento da população, que pode trazer sérias consequência para a economia e para a sustentação da Previdência Social.
A Finlândia, assim como outras nações europeias, o Japão e a Coreia do Sul, exemplificam bem esse problema.

Lá, as mulheres ficam no mercado de trabalho por muito mais tempo, adiando o casamento e a gravidez – ou mesmo decidindo por não ter filhos.

Para lidar com essa situação – que, segundo o relatório, talvez seja o mais grave dos problemas sócio-econômico da Finlândia – o governo vem investindo fortemente em programas para incentivar o aumento da natalidade.



Envelhecimento

Segundo o documento da agência da ONU, atualmente há 893 milhões de pessoas com mais de 60 anos no mundo. Até a metade deste século, este número vai praticamente triplicar, chegando a 2,4 bilhões.

A expectativa de vida média atual é de 68 anos, quando era de apenas 48 anos em 1950. O envelhecimento populacional está ocorrendo inclusive em países onde a renda da população é considerada baixa ou média.

"Todos os países – ricos ou pobres, industrializados ou ainda em desenvolvimento – estão vendo suas populações envelhecer em um grau ou em outro", afirma o documento, acrescentando que o crescimento populacional entre idosos será mais rápido que em outros setores da população pelo menos até 2050.




Fonte: BBC Brasil

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Sexualidade do Idoso







Sexualidade e 3ª idade são dois temas repletos de tabus e de preconceitos.



A terceira idade é um período caracterizado por intensas mudanças físicas, emocionais e sociais, as quais, normalmente, afetam diferentes setores da vida, podendo levar às insatisfações diversas.

Com relação à prática sexual, apesar das possíveis limitações físicas e/ou emocionais freqüentes neste momento da vida, o ser humano possui condições de manter atividade sexual satisfatória, salvo em casos de doenças crônicas que impeçam uma atividade física. Isto é verdade, especialmente se tiver cuidado de sua saúde em geral, em fases anteriores.

O grande preconceito com relação ao idoso, portanto, diz respeito à idéia de que ele se transformou em um ser "assexuado" e de que sua vida sexual se resume às lembranças do passado. Essa idéia (falsa) é responsável por grande parte das recusas por tratamento para dificuldades sexuais na 3ª idade, o que pode gerar desvalorização do sexo em idade avançada, pela sociedade e, até mesmo, pelos especialistas.

Outro preconceito que a sociedade impõe diz respeito à diminuição do desejo sexual no idoso e, conseqüentemente, da freqüência de relações sexuais. A atividade sexual, ao contrário, ajuda a manter os órgãos sexuais saudáveis e não há nada de errado ou de vergonhoso em manter uma freqüência alta de relações sexuais nesta idade, se for desejo do casal.

O que em geral ocorre é que as necessidades vão se alterando com o passar dos anos: durante a vida adulta, várias relações sexuais podem ser necessárias para alguém se satisfazer, enquanto que, para o idoso, o mesmo grau de satisfação pode ser alcançado com menor número de relações sexuais. Também podem ocorrer impedimentos (físicos e emocionais), próprios de qualquer idade para liberação do desejo sexual, os quais merecem investigação e tratamento por especialista.

Com relação à ejaculação, também pode ocorrer durante toda a vida. Embora com o avanço da idade haja diminuição na quantidade de esperma expelido pela ejaculação e esse jato ejaculatório seja menos intenso do que foi em idades anteriores, isto não significa diminuição de prazer.

No caso das mulheres, as alterações hormonais comuns ao climatério e à menopausa são significativas, podendo gerar dificuldades sexuais. Havendo menor lubrificação vaginal, por exemplo, pode ocorrer dificuldade em atingir o orgasmo.

Com tratamento médico adequado e com maior atenção às preliminares e à qualidade das carícias, a idosa não deixa de ter interesse e prazer sexual, apenas deixa de ser fértil (não pode mais ter filhos).

Impedimentos emocionais, desencadeados por ocorrências externas comuns a esta faixa etária, também podem contribuir para o declínio da vida sexual na 3ª idade, como: morte do(a) parceiro(a), aposentadoria, distanciamento dos filhos, limitações físicas e mentais, preocupações econômicas e depressão. Nessas situações, a qualidade de vida sexual tende a decair; nada que não possa ser resolvido com apoio médico e psicológico adequados.

Concluindo, ainda precisamos cultivar o tão falado e pouco refletido "envelhecer com qualidade", que inclui:

1) cuidar (desde sempre) de fatores sabidamente prejudiciais à saúde geral;

2) perceber as mudanças do organismo e da mente como algo natural e esperado;

3) procurar ajuda do parceiro e/ou de especialista para o merecido exercício (saudável e prazeroso) da sexualidade na 3ª idade.
 
 
 
Fonte: Portal da Sexualidade

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Psicólogos nos Centros de Saúde


E em Portugal...



Psicólogos nos centros de saúde pode poupar dinheiro


Estudo salienta que medida pode levar à redução do consumo de antidepressivos




A existência de psicólogos nos centros de saúde pode poupar dinheiro, consultas, tempo de internamento e reduzir o consumo de antidepressivos, que aumentou mais de 50% na última década, defende a Ordem dos Psicólogos num estudo hoje divulgado.



De acordo com a agência Lusa, a Ordem estima que ter psicólogos nas equipes dos centros de saúde e hospitais pode «fazer baixar 50 por cento o número de consultas médicas, cerca de 70 por cento a frequência de hospitalizações» e reduzir o número de dias de internamento.



Se as políticas de saúde não tiverem estes dados em atenção, vai continuar um «desperdício insustentável» para o país, alerta a Ordem, que reclama dos decisores que «disponibilizem aos cidadãos formas de ajuda que não só são preferidas por estes como permitem a diminuição de custos e ganhos significativos de bem-estar».



No estudo salienta-se que a intervenção de psicólogos pode trazer resultados não só em doenças como depressão mas também em casos de doenças cardíacas - redução de «mortalidade e recorrência de 70 a 84 por cento» nos dois anos a seguir - e em alguns cancros, em que um psicólogo pode ajudar a melhorar o estado mental e a reduzir sintomas físicos.



A Ordem refere um aumento na utilização de 52 por cento de psicofármacos, especialmente antidepressores e antipsicóticos de 2000 a 2009, e salienta que esse aumento «pode significar que os tratamentos são mais prolongados do que o indicado» e estão a ser usados em situações em que haveria outras soluções.



Na avaliação que faz do período 2000-2009, a Ordem verificou que o consumo de «ansiolíticos, sedativos e hipnóticos» aumentou 11 por cento e que o uso de antidepressores quase triplicou.



O aumento (só entre 2004 e 2009 foi de 25 por cento) tem tendência para continuar e muitos dos medicamentos não existem em genérico, o que faz crescer ainda mais a despesa.



Para o Serviço Nacional de Saúde, as comparticipações com este tipo de medicamentos atingiam 22 milhões de euros em 2009, indica a Ordem.



Se os doentes consomem mais, é porque os médicos também passam mais, algo que a Ordem explica com «a alteração legislativa que permite a prescrição a todos os médicos», mesmo que não sejam psicólogos.



Segundo as orientações dos organismos de saúde internacionais, medicamentos como as benzodiazepinas (ansiolítico) não devem ser usadas por mais de quatro semanas no tratamento da ansiedade.



«Em caso de depressão ligeira, o aconselhamento psicológico pode ser suficiente» e eliminar a necessidade de medicamentos, o mesmo se aplicando a problemas de ansiedade, defende a Ordem.



Outra vantagem em ter psicólogos nos centros de saúde e hospitais é que a sua intervenção «custa praticamente o mesmo que uma baixa médica de um mês», mas permite «o regresso mais rápido ao trabalho».


Fonte: TVi 24

Hoje é o Dia Mundial da Saúde Mental

Dia Mundial da Saúde Mental: OMS pede mais investimentos em prevenção e tratamento




No Dia Mundial da Saúde Mental, lembrado hoje (10), a Organização Mundial da Saúde (OMS) cobrou mais investimentos em serviços de prevenção e no tratamento de doenças mentais, neurológicas e de distúrbios associados ao uso de drogas e outras substâncias.



De acordo com o órgão, a falta de recursos financeiros e de profissionais capacitados é ainda mais grave em países de baixa e média renda – a maioria deles destina menos de 2% do orçamento para a área de saúde mental.



Outro alerta é que muitos países contam com menos de um especialista em saúde mental para cada 1 milhão de habitantes, enquanto uma parte considerável dos recursos alocados no setor são destinados apenas a hospitais psiquiátricos e não a serviços oferecidos, por exemplo, na saúde primária.



“Precisamos aumentar o investimento em saúde mental e destinar os recursos disponíveis para formas mais eficazes e mais humanitárias de serviços”, reforçou a OMS. A estimativa é que mais de 450 milhões de pessoas sofram de distúrbios mentais em todo o mundo.



Na semana passada, durante reunião do Conselho Nacional de Saúde (CNS), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou os avanços obtidos no Brasil por meio da reforma psiquiátrica, instituída por lei em 2001. Segundo ele, a quantidade de procedimentos ambulatoriais em saúde mental passou de 423 mil em 2002 para 21 milhões no ano passado.



Em junho de 2010, a Agência Brasil publicou a reportagem especial Retratos da Loucura. Em visitas a sete cidades brasileiras, a equipe procurou detectar os estágios em que as mudanças propostas pelo governo na área de saúde mental se encontravam.




Fonte: JB - Jornal do Brasil

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Lei da "Palmadinha"

2ª Audiência sobre PL 7672/10 - Educação sem uso de castigos corporais será votada dia 5 de outubro



A 2ª Audiência Pública e votação de requerimentos sobre a prática dos castigos corporais ou de tratamentos degradantes empregados na educação de crianças e adolescentes no nosso país está agendada para o dia 5 de outubro, na Câmara dos Deputados. A Audiência Pública da Comissão Especial que está analisando o PL 7672/10 - Educação sem uso de castigos corporais foi discutida também no dia 27 de setembro, por uma comissão de 26 parlamentares presididos pela deputada Erika Kokay (PT-DF), que é coordenadora da Frente Parlamentar Mista dos Direitos Humanos da Criança e do Adolescente. A 2ª audiência está marcada para as 14h30, no Anexo II, Plenário 16 e contará com a participação de representantes das seguintes organizações:



ABMP - Associação Nacional de Magistrados, Promotores de Justiça e Defensores Públicos da Infância e da Juventude;

ANCED - Associação Nacional dos Centros de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente;

FNDCA - Fórum Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente; e,

SBP - Sociedade Brasileira de Pediatria



Fonte:www.andi.org.br/

"Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.." - Como já diziam nossos avós!!

Vale a pena viver sem estresse? - Mente e Cérebro

domingo, 2 de outubro de 2011

Um pouco de Sartre

Um Referencial Filosófico










Jean Paul Sartre nasceu em Paris no dia 21 de junho de 1905 e faleceu em 15 de abril de 1980. Em seus 75 anos de vida dedicados a atividades acadêmicas, Sartre escreveu várias obras entre romances, peças teatrais e ensaios, partindo do estudo da fenomenologia de Husserl e do existencialismo de Heidegger e Jaspers, além da filosofia de Max Scheller e Soren Kiekegaard.



Dentre todas as suas obras, aquela que lhe trouxe fama foi “A Náusea” de 1938, que era um romance escrito sob a forma de um diário onde seu personagem principal descobria na monotonia da vida, o mistério metafísico do Ser: “Tudo é gratuito, o jardim, esta cidade, e eu mesmo; quando acontece da gente se dar conta disso, isso atinge a cabeça e tudo começa a flutuar, eis a náusea”. Este romance contém em suas páginas grande parte das posições filosóficas que Sartre continuaria a desenvolver durante sua vida.



Em 1943 publica sua obra magna, obra fundamental da teoria existencialista: “O Ser e o Nada”. Nesta obra Sartre aprofunda o seu pensamento no que diz respeito à consciência humana como sendo um “nada” em oposição ao Ser. A consciência enquanto “não-matéria” escapa a qualquer determinismo, “nadifica” seus objetos negando, por essência, as coisas em-si-mesmas. Postula também que precisamos essencialmente do outro para que possamos nos conhecer plenamente; o outro seria um “mediador indispensável entre mim e mim mesmo”, e esta relação seria permeada pelo conflito.



Sartre não foi o primeiro pensador existencialista, mas certamente foi o primeiro que assumiu esta condição. Dizia que sua filosofia era uma filosofia da existência posto que, em sua concepção, esta precedia a essência e não era pré-determinada por nada e nem por ninguém; o homem realizaria o próprio projeto de sua existência – você é o que você faz de si mesmo e não o que os outros fazem de você. E quando afirma que a existência do homem precede sua essência explana a idéia de um homem que se apresenta no mundo sem qualquer projeto pré-concebido. Desta forma, não havendo tal essência, todos são iguais e igualmente livres para se fazerem.



Condenado à liberdade; esta era uma das maneiras que Sartre via o homem. Tendo em vista que nada nem ninguém o pré-determinava, o homem não poderia desculpar-se nas circunstâncias, na paixão ou em qualquer outra coisa, pois nada o força a fazer o que faz; nem mesmo Deus, que desta maneira para Sartre,não existia. O homem está só e é, por definição, livre.



Em conseqüência disto, resta a esse homem livre e solitário, na medida em que se torna consciente desta condição, o sentimento de angústia. Angústia frente às conseqüências de suas decisões, frente a imprevisibilidade do próprio comportamento. Porém há uma situação em que este homem se coloca, para tentar escapar da ansiedade e desta angústia; fingindo. Fingindo que não temos liberdade de escolha, fingindo que não temos opção, fingindo que o meio em que vivemos é a causa de nossas atitudes, fingindo que as circunstâncias nos levam a determinadas decisões e escolhas. Desta forma, segundo Sartre, estamos agindo de “má fé”. A “má fé” não é mais nada senão a tentativa de fugir da liberdade. E o que queremos, em realidade, não enxergar numa situação dessas, é que não existe fuga possível da angústia de liberdade, pois a fuga da responsabilidade já é em si uma escolha. “Nenhum motivo ou resolução passada determina o que fazemos agora”; cada momento de nossas vidas requer uma escolha nova ou renovada, requer um não se deter, um arriscar-se, um comprometer-se, um envolver-se. Com este pensamento Sartre rejeita o determinismo psíquico postulado por Freud e a noção de inconsciente, pois até a suposta verdade de que temos conteúdos inconscientes seria de certa forma uma escolha consciente, ainda que em outro nível.



Dentro de todas essas premissas do pensamento deste filósofo do início do século XX, vemos claramente uma das bases filosóficas da Gestalt Terapia e muito de sua visão de homem. A idéia da Gestalt é a de que o homem é e existe como principal norteador de sua existência, responsável por sua vida e suas escolhas, e não aceitando atribuir culpas a passados deterministas. Somos o que escolhemos ser.



O existencialismo, bem como a Gestalt, fala de um homem singular, sendo e agindo de maneira única. Visto que não é determinado por uma essência, não há (e nem poderia haver) pré-conceitos ou pré-julgamentos e nem tão pouco desculpas. Com tudo isso, àquilo que a Gestalt Terapia se propõe é colocar o homem como autor de seu próprio projeto existencial, sustentado pela ação da liberdade, pela awareness, pela escolha responsável e pela responsabilidade por suas evitações, para que assim, este mesmo homem possa encontrar, através do ajustamento criativo ao meio e da auto-regulação, sua realização neste mundo pelo pleno desenvolvimento de suas potencialidades, capacidades, desejos.

A Gestalt pretende ser uma filosofia ou pedagogia de vida que valoriza o homem justamente em sua diferença, singularidade e aspecto relacional; daí sua perspectiva de enfatizar o processo em detrimento da busca de essências, o “como” em detrimento do “porquê” e o aspecto potencial transformador do homem em detrimento do determinismo passado da psicanálise de Freud, valorizando a experiência vivida e a awareness como tomada de consciência desta experiência atual, aqui e agora, reabilitando a percepção emocional e corporal. “O Ser só pode de fato, ser compreendido por ele mesmo através de uma experiência direta do seu ser-no-mundo”.



A visão existencial proposta pela Gestalt Terapia coloca a liberdade do homem como um de seus pontos principais, porém uma liberdade que não é absoluta, pois este homem está inserido em um mundo concreto que possui regras, normas. Esta abordagem terapêutica visa compreender a vivência de cada pessoa captando o seu modo de existir, o seu lugar no mundo, desenvolvendo uma perspectiva unificadora, integrando as faces sensoriais, afetivas, espirituais, sociais e intelectuais deste homem que terá sempre a liberdade de escolha, sempre algo a ser construído, sempre a possibilidade de modificar a história.













“O que fizeram do homem são as estruturas, os conjuntos significantes estudados pelas ciências humanas. O que ele faz é a própria história...” Sartre.